|
| | Distrito 06 | |
|
+6Alpha Malloch Henry Vandyke Belladonna Devine Isaac Coben Aura Mors Wallace McQueen 10 participantes | |
Autor | Mensagem |
---|
Wallace McQueen
Mensagens : 318 Data de inscrição : 17/04/2015 Localização : Capital Jogador : Állan
| Assunto: Distrito 06 Seg Abr 20, 2015 12:50 am | |
| DISTRITO 6
"A principal indústria do Distrito 6 é o transporte. É conhecido por ser muito instável e pela sua grande área." Antecipando os dias da Colheita, o ambiente no Distrito 6 estava bastante tenso. Haviam menos gente na rua, as pessoas falavam menos e pareciam nervosas. Porém, o trabalho continuava. ATENÇÃO: Utilize este tópico para interagir dentro do seu Distrito (sozinho ou com o seu companheiro de Distrito). Pode falar de tudo, desde do que está fazendo até ao que está sentindo. Aproveite para desenvolver a história do seu personagem. A postagem não é obrigatória, mas apenas a faça se tiver a certeza que não mudará o distrito e ocupação do seu personagem depois. E lembre-se: O seu personagem ainda não foi escolhido na Colheita.
| |
| | | Aura Mors
Mensagens : 18 Data de inscrição : 27/04/2015 Localização : Distrito 6 Jogador : Matheus
| Assunto: Re: Distrito 06 Qui Abr 30, 2015 12:23 am | |
| Aura Mors Por mais que eu fosse apenas uma assistente meu dia hoje foi cheio, estou exausta e no momento só quero ir para casa e descansar, sinto como se eu fosse desmaiar se sentir o cheiro de óleo hoje novamente. Aspen vai até meu setor para irmos juntos para casa, ambos estamos sujos e preferimos não ter nenhum contato sem ser o visual.
Eu e ele vamos conversando sobre o nosso dia e ele cita sobre nossos treinamentos o que me faz lembrar que novamente eu sentirei aquele medo de ser escolhida, ou aquele alivio por ser outra pessoa e ao mesmo tempo dor pela família por perder alguém para os jogos.
Logo que chego em minha casa dou tchau ao Aspen o mais rápido que posso e passo direto para o banheiro, ligo o chuveiro e começo a chorar, aquela conversa sobre a colheita realmente me fez mal. Minha mãe me chama para jantar, mas sinto meu estomago embrulhado e decido encerrar logo esse dia
| |
| | | Aura Mors
Mensagens : 18 Data de inscrição : 27/04/2015 Localização : Distrito 6 Jogador : Matheus
| Assunto: Re: Distrito 06 Sex maio 01, 2015 6:59 pm | |
| Aura Mors
O café quente desce pela minha garganta fazendo com que eu pare de tremer e voltar a minha respiração normal. O sol ainda não nasceu e todo o distrito está quieto, mas meu pesadelo me fez acordar e não consegui voltar a dormir.
No meu sonho eu via eu e minha irmã junto com papai e mamãe, minha irma nasceu sem cabelo, diferente de mim que já tinha mechas roxas pelo cabelo. Eu via uma mulher gritando meu nome em cima do palco segurando um papel com meu nome. Via eu indo para o mesmo lugar onde minha mãe costumava comprar morfina e onde trocou minha irmã e sumiu do distrito
Termino de tomar meu café e decido preparar o café da manhã para minha família, pois sei que com esse sonho não voltarei a dormir tão cedo
| |
| | | Isaac Coben
Mensagens : 35 Data de inscrição : 22/04/2015 Localização : Distrito 6 Jogador : Natalia
| Assunto: Re: Distrito 06 Sex maio 08, 2015 6:31 am | |
| Isaac Coben Na vazia sala, Liz dormia no único colchão que nos fora oferecido. Era velho, mas os panos disfarçavam a aparência. A única iluminação vinha da lua, e como em todas as noites nesses últimos meses, meus olhos estavam marejados. Mas a respiração pesada de Elizabeth de alguma forma tranquilizava, aliás, isto era algo que a garota sempre me transmitia. Se não fosse ela, eu já teria enlouquecido...
De repente uma luz enche a sala. Era a televisão, em mais de seus anúncios diários sobre os Jogos. O evento estava próximo, e era ridículo o modo como tratavam aquilo. As cenas nauseantes recheadas de sangue traziam os sentimentos que estava tentando ignorar. E se eu fosse chamado? Como Liz iria ficar sem mim? Ela não tem para onde ir...
Antes mesmo de me perturbar com mais pensamentos, acabo dormindo. Porém, os sonhos me ferem com mais intensidade do que se tivesse ficado acordado a noite toda. Mas ao abrir os olhos, encontro outro par, com suas íris azuis olhando diretamente para mim. Sem dizer nada, Liz me abraça e sinto suas lágrimas molharem minha camiseta surrada. Mais um motivo para não querer abandoná-la, afinal, eu e ela estávamos no mesmo barco da solidão. Um sem o outro provavelmente não duraria nem uma semana... | |
| | | Wallace McQueen
Mensagens : 318 Data de inscrição : 17/04/2015 Localização : Capital Jogador : Állan
| Assunto: Re: Distrito 06 Qua Jun 03, 2015 5:40 pm | |
| 06:xx hrs Tributo Feminino do Distrito 4 Tributo Masculino do Distrito 6 Tributo Feminino do Distrito 6
Esta é a TV da Capital!Todas as televisões de Panem se ligam automaticamente, tocando o hino do país enquanto o brasão do governo toma quase toda a tela. Uma repórter um tanto quanto exótica aparece de repente, com um sorriso de orelha a orelha. Sua pele pálida quase se camufla com a parede da Sala de Comando. Atrás dela, é possível ver os três mentores dos últimos tributos vivos na arena da 26º Edição Anual dos Jogos Vorazes.
— Olá, Panem! Todos nós estamos muito animados com a final da Vigésima Sexta Edição! - o seu sorriso branco e gigante não some de seu rosto por um só segundo - Tori, Alpha e Athena são os últimos tributos restantes lutando pela coroa. E agora, entrevistaremos os seus mentores!
A mulher caminha desengonçadamente até Mags, a mentora de Tori. A vitoriosa olhava fixamente para a tela, não percebendo nem quando a repórter chega atrás dela.
— Mags, poderia nos dar uma palavrinha quanto a essa final? - a mentora vira sua cadeira e recebe a mulher com um sorriso fraco. Era aparente o seu cansaço físico e psicológico -Tori está sendo muito mencionada como a que tem mais chances de vencer a edição. Acha que a sua mentoreada tem tanto potencial assim?
— Eu tenho muita esperança. Mas ela está nos Jogos Vorazes. Um pequeno deslize e você cai. Um pequeno erro de calculo e seu canhão dispara. Mas ela é esperta e capaz, sei que conseguirá! Panem, torçam para Tori Miller. Conto com todos vocês.
A repórter agradece a mentora e vai em direção aos dois mentores do Distrito 6. Oliver está sentado em sua cadeira confortavelmente, não parecendo tenso ou abalado. Enquanto Otillie segura seu rosto com ambas as mãos e não tira os olhos da tela. Seu rosto está bastante pálido e suas olheiras um tanto quanto evidentes.
— Oliver. Otillie. - cumprimenta a repórter, com um aperto de mão - Dois Tributos do Distrito 6 no TOP3! Vocês imaginam como o Distrito 6 está reagindo quanto a isso?!
— Acredito que todos estão bem animados. - diz Oliver, sem muita animação - Poucos dos Tributos do nosso distrito conseguem chegar tão longe. Eu, Otillie, Liam, Athena e Alpha fomos os únicos a chegar no TOP5.
— Imagino que sim. As chances do Distrito 6 receber um vitorioso este ano é bem grande. Mas tudo pode acontecer, não é verdade? E você, Otillie, suas expectativas estão altas?
A repórter aponta o microfone pra vitoriosa, que continua olhando para as telas e não dá importância para a mulher da Capital. Oliver chama a atenção da jovem vitoriosa cutucando seu ombro, fazendo-a olhar rapidamente para a câmera.
— Oh, me desculpe! O que disse? - seu abatimento era evidente.
— Isso sim é uma mentora dedicada! - tenta ajudar a repórter, parecendo um tanto quanto constrangida - Suas expectativas estão altas quanto a receber um vitorioso este ano?
— Eu realmente espero que sim. - Otillie abaixa a cabeça, tristonha - Ser mentor é bastante cansativo, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Seria muito frustrante perdê-los a essa altura. Na verdade, eu gostaria de levar os dois para casa. - brinca Otillie, com um sorriso fraco no final.
— Infelizmente, isso não é possível. Mas agora está na mão dos nossos três últimos tributos vivos. - conclui a repórter - Fiquem ligados, cidadãos de Panem, a final da Vigésima Sexta Edição Anual dos Jogos Vorazes está próxima e logo, logo mais um novo nome entrará para o nosso Hall da Vitória!
| |
| | | Isaac Coben
Mensagens : 35 Data de inscrição : 22/04/2015 Localização : Distrito 6 Jogador : Natalia
| Assunto: Re: Distrito 06 Dom Jun 07, 2015 8:14 am | |
| Isaac Coben Após conseguir as poucas migalhas, Liz e eu voltamos para a casa da senhora. A TV estava ligada, mostrando algumas entrevistas com os mentores em algum ponto da 26ª edição. Reconheci imediatamente dois mentores do meu distrito, e o fato surpreendente era que havia apenas outra mentora além dos dois. Olhei espantado para a tela. Um tributo do 6 saiu vivo ano passado? Ou foi a outra garota? Não conseguia me lembrar.
Olhando novamente para tela, todos tinham em comum o cansaço. Tento me colocar no lugar deles, e acabo piorando meus sentimentos. Afinal, estar nos Jogos já é um pesadelo, imagina ter que vê-lo novamente todos os anos e ainda mandar crianças inocentes para morrer? E sem poder fazer muita coisa para ajudá-los.
A TV desliga e tento me lembrar se o sobrevivente foi do distrito 6. Sem sucesso, acabo me distraindo com alguma expressão de Liz. Após alguns minutos, ela se levanta e diz:
-Essa carinha vai convencê-la até quando? - Seus dedos apontavam para a porta do quarto da senhora. No rosto, sua famosa carinha de "vou pedir algo e você não pode negar", era de pura comoção. Porém aquilo me trouxe lembranças...
-Ninguém nunca vai negar para você quando fizer esta carinha, fique tranquila. - Respondi automaticamente. Satisfeita com a resposta, ela foi em direção ao quarto, provavelmente para pedir água - o único item que não conseguíamos facilmente.
Sozinho na sala, as lembranças preenchem meus pensamentos e finalmente entendo o motivo de não lembrar do último vencedor. Na última edição, Lauren ainda estava comigo. | |
| | | Belladonna Devine Admin
Mensagens : 240 Data de inscrição : 17/04/2015 Localização : Capital Jogador : Haniel
| Assunto: Re: Distrito 06 Ter Jun 09, 2015 7:32 am | |
| 26° EDIÇÃO DOS JOGOS VORAZES: A FINAL
É noite, por volta da 1h da manhã.
Alpha e Athena estão sentados na areia da praia em frente a floresta colorida, ambos com expressões cansadas, denotando exaustão física e mental. A tensão é quase palpável no ar. O garoto permanece focado no bestante humanoide que se encontra em cima da Cornucópia, sentado e de olhos fechados. Já a garota parece não se focar em nada, a não ser em Alpha. Após uma breve conversa eles decidem dormir em turnos, primeiro Alpha depois Athena.
Enquanto isso, Tori se mantém escondida no interior do chifre de metal. A adaga em uma mão e a rede de pesca na outra. O aborrecimento, o incômodo e apreensão são nitidamente visíveis no rosto da garota enquanto ela se alimenta e mantém sua incansável vigília.
Os segundos tornam-se minutos, os minutos tornam-se horas e as horas se arrastam lenta e dolorosamente para todos os três tributos ainda vivos. É quando a escuridão da noite começa a ceder lugar para a claridade do dia que uma exclamação de surpresa e dor reverbera por toda a arena, arrancando os tributos de seus estupores e momentos de descanso.
- OUCH! – Rouca e esganiçada, a voz do Leprechaum volta a se manifestar após horas adormecida.
Uma grande acumulação de nuvens negras agora cobre o céu da arena. O silêncio impera por algum tempo, até que a chuva começa a cair, fraca e dispersa. É então que a criaturinha se manifesta novamente.
- É... PARECE QUE EU JÁ CAUSEI PROBLEMAS DE MAIS POR AQUI... – Ele fala zombeteiro, as palavras carregadas de escárnio e malícia. – A SITUAÇÃO ESTÁ PARA FICAR BEM FEIA, APROVEITEM SEUS ÚLTIMOS MOMENTOS DE VIDA, CRIANÇAS.
O bestante simplesmente desaparece em meio a uma lufada de vento. O casal do Distrito 6 se encara assustado enquanto Tori se estica para observar a gotas de chuva molhando a areia do lado de fora do chifre de metal.
A chuva aumenta de intensidade, finalmente acertando algumas de suas gotas em Alpha e Athena. Assim que a água entra em contato com suas peles, ambos soltam exclamações de dor e sentem os locais atingidos arderem de uma forma que nunca haviam sentido antes. Imediatamente eles procuram formas de se proteger da chuva ácida e passam a correr na direção da Cornucópia.
Tori, que durante todo o tempo esteve abrigada da chuva, faz um apelo por patrocínio para uma das câmeras internas no fundo do chifre dourado, mas parece não ser ouvida, pois nenhum paraquedas é enviado. Ela se agacha e abre a mochila em busca de suprimentos, porém estaca quando nota a chegada de Alpha e Athena.
Os tributos se encaram, os músculos tensionados e os olhos atentos. Cada um com os nós dos dedos já esbranquiçados por apertarem com muita força as empunhaduras de suas armas. Athena tenta argumentar com Tori, mas a garota do Distrito 4 parece se irritar ainda mais e arremessa sua rede na direção de Alpha.
O garoto desfere um golpe na rede enquanto ela ainda está no ar, abrindo um rombo no lugar acertado, mas isso não impede que o instrumento caia em cima de Alpha, fazendo com que ele se atrapalhe um pouco. Tori utiliza seu pé traseiro como base para tomar impulso e ir na direção de Alpha acabar com sua vida, mas para imediatamente quando percebe Athena se aproximar por trás com sua faca apostos. Ela desvia do golpe de Athena e em um reflexo acaba cravando sua adaga no abdome da garota do 6, que em seguida dá alguns passos cambaleantes para trás e cai sentada, lamentos e gemidos de dor escapando por entre seus lábios. Ao presenciar a cena Alpha entra em pânico, sua mãos começam a tremer e a respiração a acelerar.
Agindo em piloto automático, completamente fora de sua consciência, Alpha se liberta da parte da rede que o prendia e lança a corrente de sua arma na mão de Tori que segura a adaga. A corrente se enrola nela e Alpha a puxa com força para cima de si. Tori estaca e se volta para o garoto fazendo muita força para levar a mão liberta até o rosto e remover a máscara de gás e o óculos de visão noturna que vestia. Ao se deparar com o rosto nu da garota, Alpha parece levar outro choque , o pavor em seu rosto é algo impossível de ser contestado. Tori o encara com ódio, os dentes a mostra e lágrimas quase transbordando dos olhos.
- Vocês nos traíram! Connor morreu e vocês também são culpados! – A garota do 4 cospe as palavras em cima de Alpha.
A reação do garoto é imediata. Ele usa de toda a sua força para puxar a corrente para baixo na intenção de derrubar Tori, porém a garota já esperava por algo do tipo, ela se desequilibra brevemente e cai de joelhos, mas logo recupera sua posição. Com um movimento rápido, a garota do Distrito 4 se aproxima de Alpha e crava a adaga em sua virilha. Ele recua alguns passos por causa da dor e examina brevemente o ferimento, obviamente Tori queria feri-lo mortalmente, mas por algum motivo não havia conseguido.
Tori tenta se levantar e se estabilizar, sofrendo por causa da sua falta de equilíbrio.Alpha mesmo paralisado pela dor, parece conseguir reagir a tempo, a lâmina da kusarigama do tributo masculino do Distrito 6 corta a pele da barriga de Tori e deslisa mortalmente para dentro de seu abdome. O corpo da garota arqueia para trás com uma expressão de pavor dominando seu rosto, os olhos azuis arregalados e perdendo o brilho. Alpha dá um passo se afastando, puxa a arma de volta para si e a garota caí de costas na areia.
O CANHÃO DE TORI DISPARA! Um peso descomunal parece se sobrepor sobre Alpha, o garoto deixa seu corpo desabar sentado no chão e a arma cair ao lado, manchando a areia branca com o sangue de sua lâmina. O mundo se torna cinza, os sons ao seu redor se transformam em ecos distantes e ele consegue sentir o sangue pulsando em seus ouvidos. Aos poucos Alpha é retirado de seu torpor momentâneo pela voz fraca e quase sem vida de Athena.
O garoto procura por sua companheira de Distrito, ainda meio desnorteado, mas a encontra caída no fundo do Chifre. Ao fitar sua imagem, percebe que a pele da garota já começa a empalidecer. Ele rasteja até ela evitando fitar o corpo de sua ultima vitima. Ao chegar lá, ele a reconforta da maneira que sabe e tenta manter a mente de sua companheira distraída. Alpha permanece com Athena até que...
O CANHÃO DE ATHENA DISPARA! A chuva que até agora era forte e constante, para de repente. Alpha se coloca de pé e reunindo seu ultimo rompante de força, pega Athena no colo e leva seu corpo para fora da Cornucópia. O sol brilha novamente e a tranquilidade impera no local de forma como nunca havia sido antes.
Um aerodeslizador plana logo acima de Alpha e ele larga o corpo de Athena na areia, se afastando em seguida. Logo a garra desce e a retira dali enquanto ele observa tudo. Não demora para que o locutor mostre sua presença com a voz cheia de entusiasmo.
- Senhoras e senhores, apresento-lhes o vitorioso da 26° Edição Anual dos Jogos Vorazes: Alpha Malloch, do Distrito 6!
| |
| | | Henry Vandyke
Mensagens : 1 Data de inscrição : 10/06/2015 Localização : Distrito 6 Jogador : Joana Vaz-Rato/NPC
| Assunto: Re: Distrito 06 Sex Jun 12, 2015 12:35 pm | |
| HENRY VANDYKE Sentado no sofá da sala o homem estava dormindo pacificamente. O apartamento era pequeno, tinha apenas um quarto, e a sala de estar onde o homem dormia era paredes meias com a cozinha, era uma casa normal numa zona industrial.
Por toda a casa em todas as paredes, pequenos papelinhos estavam colados, em vários pontos. Na mesa em frente ao sofá, havia um escrito com letra tremida que dizia "O televisor pode ligar sozinho. Não se assuste."
O silêncio que estava na casa contrastava com o caos em que a mesma se encontrava. Peças de roupa espalhadas, comida, várias peças de louça partidas em estilhaços no chão. Mas Henry estava pacato dormindo no seu sofá. Havia dias que ele havia notado uma agitação no distrito. Mas não sabia o porquê de tudo isso. As oferendas chegavam a cada dois dias, e várias vezes ele se levantava para encontrar cestinhos com comida à sua porta. A vizinha que costumava visitar e tratar da casa já não vem há quatro dias, mas Henry parece nem se dar conta.
De repente, como avisado no papelinho sobre a mesa da sala, o televisor liga. O homem se senta com o susto, seu olhar fica gazeado com a confusão. Ele olha em volta e vê o papel. Então se acomoda no sofá e fica assistindo a tudo.
-Estes filmes cada vez estão ficando mais violentos. - ele reclama, ao ver a chuva ácida cair sobre os tributos do 6. Deixando marcas de queimadura onde cai.
A doença não permitia ao homem estabelecer uma ordem cronológica coesa, e dificilmente ele recordava acontecimentos recentes. O meu que lutou na revolta que ditou a queda do distrito 13, agora estava só e confusa. Não sua cabeça ainda voltava aos tempos em que tinha 20 anos, em que não havia os Jogos, ele não sabia o que eram o Jogos Vorazes.
Mas enquanto ele observa tudo o que está acontecendo naquela arena, algo na sua mente começa a conetar os pontos. Ele olha aquela garota de olhos verdes, e vê-a lançar-se para a loira que ataca o garoto, e então sente uma pontada no peito, no momento em que se vê a adaga cravar-se no estômago da garota.
Ele ouve alguém bater na porta uma vez ou duas antes de a pessoa a abrir. A vizinha entra e tem que tapar o nariz por causa do cheiro a podre que a casa emana.
-Henry, já está bom. Venha aqui fora comigo. - Ela chama o homem, mas ele nem pestaneja, petrificando olhando enquanto a garota acaricia o rosto do seu companheiro de distrito, e fala com ele como se se estivesse a despedir dele. - Henry!!
O canhão dispara. Durante uns momentos há apenas silêncio na sala. Não há sequer um movimento daquelas duas pessoas que ali se encontravam.
A mente de Henry estava num turbilhão. A demência não o deixava captar, ou entender muito do que estava acontecendo. Os seus momentos de coerência eram poucos e quando apareciam ele lembrava de tudo o que não queria lembrar. Da morte da sua filha mais velha e de sua esposa. Se lembra de com começou a definhar, de como pouco a pouco, sua filha de 13 anos passou a ser o ganha-pão da casa. Como ganhou a dependência dela, e de como se ia esquecendo dela.
-Ela disse que voltava quando pudesse. - Ele murmura. - Athena não mente. Ela volta assim que puder. - Ele diz balbuciando como uma criança. - Minha Athena não mente. Ela volta, ela falou.
A mulher se aproxima dele e põe a mão no seu ombro. Em silêncio. Ela ouviu a garota pedir ao agora vitorioso para que o pai dela não soubesse, mas também não conseguia ter coragem para mentir ao homem. Então os dois ficavam ali em silêncio. Aguardando que Athena cumprisse o que prometeu para seu pai.
| |
| | | Alpha Malloch
Mensagens : 44 Data de inscrição : 08/06/2015 Localização : Distrito 6 Jogador : Johanna
| Assunto: Re: Distrito 06 Qui Jun 18, 2015 2:11 am | |
| ALPHA MALLOCH A viagem de trem é calma e prefiro não me pronunciar muito. Eu não consegui ser completamente honesto na entrevista, não consegui ser eu mesmo de todo, mas tampouco quereria admitir isso para Otillie – esse pressentimento de que todos me vão odiar se eu não disser o que eles querem ouvir. E se eu disser algo errado agora que sobrevivi aos Jogos deles, nem quero imaginar que consequências isso poderia trazer...
E não era questão de chegar agora no Seis e poder me libertar de tudo isso. Quando chegar, terei todo o Distrito lá para me receber e terei que dividir o palco com o Prefeito – depois da conversa que eu, Athena e os Vitoriosos tivemos com ele, não quero nem saber o que esperar – só sei é que ele não esperava o meu regresso.
Assim que o trem para no Distrito Seis, já está o carro preparado à saída da estação pronto para nos levar logo em direção à Praça Principal. A pouca movimentação no Distrito é clara, provavelmente já todos aguardavam a nossa chegada na Praça. Entramos pelas traseiras do Edifício da Justiça, onde volto a trocar olhares com Otillie e me preparo mentalmente para enfrentar pela primeira vez o Distrito inteiro enquanto Vitorioso.
Surpreendemente, eles me recebem com aplausos e sorrisos – quer dizer, não é tão surpreendente assim. Lembro-me de quando Otillie ganhou faz já dois anos – e como durante os seis meses que separam a chegada do Vitorioso da turné, os cidadãos do distrito receberam paraquedas no mesmo sistema que os Tributos recebem na Arena, com oferendas de comida. Para além do Harvest Festival no final da Turné, em que todo o Distrito tem direito a uma refeição completa para encher a barriga... enquanto que eu dessa vez teria de fazer minha refeição na casa do Prefeito.
Aceno para o público com a expressão mais genuína que consigo obrigar meus músculos faciais a fazerem – procuro minha mãe por entre a multidão, mas era impossível. O Distrito Seis era um Distrito bem populoso, e conseguirem enfiar tanta gente nessa praça já era um mistério. Não sei se é a população em si ou a presença do Prefeito com aquela expressão indecifrável no palco comigo que me estava deixando tão desconfortável, ou se já era a vontade de querer me afastar de tudo isso se manifestando. Eu só queria mesmo sair dali. E quando finalmente assim mo permitem, é que me recordo que não estaria indo para casa depois – mas sim para a Vila dos Vitoriosos. Mas eu precisava ir a casa primeiro. Não a minha casa, mas à casa da minha mãe. Dizer-lhe que poderia mudar de casa comigo, e viver bem longe dos subúrbios do Seis onde eu compartia casa com o meu pai e ela vivia isolada uns quarteirões acima. Mas a nossa zona era beeeem a Oeste da Praça Principal, e demoraria uma hora ou duas para chegar lá. Não estou bem a ver como eu arranjaria maneira de chegar lá depois, mas eu teria de arranjar uma maneira ou outra.
Os Pacificadores deixam-me a mim, Otillie e Oliver na Vila dos Vitoriosos, que por si não era muito longe da Praça. Minha casa ficava depois da deles e era tão, mas tão maior que a casa onde eu passei todos esses anos que nem tinha comparação. Todos esses items que nunca achei poder ter em casa, e toda essa decoração que parecia estar ali só por um motivo: para me lembrar todos os dias que agora pertenço à Capital. E, me sentindo derrotado com a minha própria realização, entrego-me à cama, mas as recordações da Arena fazem questão de não me deixar dormir.
*
Só vejo minha mãe três dias depois. A carrinha dos Pacificadores traz ela, mas não o meu pai. Sinto-me aliviado de não o ver com ela, apesar da curiosidade de ver a cara dele agora que sou Vitorioso. Seria ele capaz de fingir arrependimento? Bem, não importa. Prefiro ele bem longe de mim e dela. Cumprimento-a com um abraço apertado, tentando perceber o estado de espírito dela. Comparando-a com antes da Colheita, ela não parecia tão fraca assim, depois de eu a ter deixado sozinha esse tempo todo com o meu pai. Quiçá ela tenha conseguido se manter longe dele. Mesmo assim, as lágrimas invadiam o seu rosto, mas notavelmente por estar feliz em me ter de volta. Ela se afasta um pouco e passa um dos seus dedos perto do meu olho cego, mas eu aceno negativamente com a cabeça, indicando-lhe que já não me fazia diferença alguma.
Ajudo-a a levar o saco velho com as coisas dela para dentro de casa, onde a deixo vasculhar tudo e tomar um banho decente antes de dizer o que quer que seja - não que eu queira perguntar algo sobre o tempo em que não estive cá, porque posso fazê-la recordar acidentalmente de algo que a deixe pior – da mesma forma que ela não me faz pergunta alguma acerca da Arena ou da Capital. Nós poderíamos simplesmente fingir que esse tempo não existiu, mais tínhamos tantos outros fatores para nos lembrarem disso que não valia a pena. Concordámos que focar a nossa atenção em apenas as coisas boas, como estarmos longe do meu pai ou podermos ter uma refeição quente à mesa, ou não ter que chegar a casa todos os dias cheio de óleo quando tomar banho não é algo tão acessível como deveria ser – mas isso era apenas uma coisa que funcionava entre mim e a minha mãe, não entre mim e a minha própria mente. Esta preferia me recordar constantemente de toda esta realidade, e tornava as coisas boas em coisas insignificantes no plano maior. Demora um tempo até conseguirmos voltar a ter uma conversa mais séria. Minha mãe finalmente ganha coragem de trazer o assunto do meu pai de volta, por iniciativa dela – ela diz-me que um dia ele simplesmente deixou de aparecer, pouco tempo depois de eu ter falado dele na entrevista, apesar de ter havido alguns problemas com a emissão desta no Distrito Seis. Isso me deixa com um enorme sorriso na cara, apesar da hipótese de o meu pai ainda aindar por aí. Com isso ela menciona também o pai da Athena, que ela acabou por descobrir quem era pouco depois da edição ter terminado e os cidadãos sairem à rua. Ela disse que o viu várias vezes, que falava com ele e explicou-me por breve o problema com o qual ele sofria. Mas só de pensar em alguém ligado de qualquer forma a Athena, aquela sensação voltava a invadir o meu corpo e me impedia de processar a informação que a minha mãe me passava, algo que ela rapidamente percebeu e deixou de insistir no assunto.
Com os dias, semanas, meses, que vão passando, não posso dizer que não me vou sentindo um pouco melhor. Ainda tenho dificuldade a adormecer, ainda penso nos Jogos todos os dias. Nalguns dias me sentia cheio de raiva, noutros não conseguia sentir nada para além do medo. Mas já me sinto mais como eu, e tento me distrair o máximo que posso desses pensamentos. Tento prolongar minhas conversas com a minha mãe, tento prolongar minhas conversas com Otillie, coisas que acabo por perceber serem bem mais difíceis e contra a minha vontade inicial, mas que me ajudam a manter a cabeça distraída. Mas da mesma forma que isso me fazia sentir melhor por não me fazer pensar nos Jogos, também me deixava irritado pela forma que eu estava apenas me enganando a mim próprio. Era tudo uma confusão imensa e minha mente deixava tudo cada vez pior, era como se tentasse evitar uma catástrofe, quando todos sabemos que a natureza sempre arranja uma maneira.
A turné dos Vitoriosos é estrategicamente colocada entre a Edição ganha e a que se aproxima. Com a primeira neve que caí sobre o Distrito Seis, sei que esse momento está mais próximo que nunca – em breve eu, Otillie, a acompanhante e a minha equipa de preparação mais a estilista estaríamos de viagem para o Distrito Doze – o Distrito da garota que eu matei. Teria que enfrentar o seu Distrito, os olhares da sua família, aquele azul me encarando novamente pelo telão. E no momento em que me apercebo disso, sei que não há nem haverá nenhuma distração que alguma vez me salvará disto.
| |
| | | Otillie Ashby
Mensagens : 28 Data de inscrição : 21/04/2015 Idade : 26 Localização : Distrito 6 Jogador : Állan
| Assunto: Re: Distrito 06 Qui Jun 18, 2015 4:46 am | |
| Otillie Ashby Eu sei bem o sentimento. Sei tão bem que procuro não pressionar Alpha nos dias que se passam. Oliver não fala comigo nas primeiras semanas em que voltamos da Capital. É durante um jantar que minha mãe o convidou que ele acabou falando uma frase em minha direção, porém com aquele ar de que não está falando comigo. Eu realmente não esperava uma reação tão infantil do homem que fora meu mentor e que eu tinha uma relação tão boa. Mas ele detesta Alpha e o rapaz está vivo. Será que ele me culpa por isso? Se formos ver pelo lado de agir como mentor, fora ele que fizera o trabalho completo. Mas ele estava fazendo aquilo tudo para manter Athena viva. Ele sabia que sem Alpha, ela não duraria muito tempo. Mas, na verdade, acho que a garota conseguiu provar o contrário. Alpha deve a ela muito mais do que pode imaginar.
O ar no Distrito 6 parecia estar até mais leve. As pessoas pareciam mais felizes, com a moral mais alta. Mas eu sei que não é porque um jovem conterrâneo conseguiu sobreviver à matança. Não diretamente. Eles estão felizes porque daqui a algum tempo eles receberão comida. Eu não os culpo, até porque isso foi uma das minhas válvulas de escape depois que eu voltei dos meus Jogos. Ver o rosto daquelas pessoas recebendo os paraquedas mensais tirava um pouco o sofrimento das minhas costas. Eu tentava me enganar dizendo a mim mesma que eu pelo menos tinha feito algo bom para aquelas pessoas.
O Sr. Vandyke é um senhor muito agradável. Tenho o visitado com bastante frequência desde que a edição acabou. Ele sempre pergunta por sua filha e eu sempre desconverso. Com um pouco de paciência de minha parte, nós conseguimos ter tardes muito tranquilas e agradáveis. Minha mãe também sempre vem aqui para vê-lo e traz os remédios que o médico prescreveu. Eu não podia esperar até que Alpha estivesse com a cabeça no lugar para cumprir o que prometeu a Athena na arena. Na verdade, eu não sei se Alpha algum dia fará qualquer coisa por este homem.
Falando nele, sempre que posso vou ver como Alpha está. Tento iniciar conversas sobre coisas não muito importantes e que não o faça se sentir pressionado. Eu sinto que ele tenta, mas eu compreendo o quanto é difícil. Com o passar do tempo, eu e sua mãe ficamos bem próximas. Tão próximas que tenho que contar para ela o que Oliver me disse naquele dia no jantar. Contar que o pai de Alpha agora é um Avox da Capital.
| |
| | | Isaac Coben
Mensagens : 35 Data de inscrição : 22/04/2015 Localização : Distrito 6 Jogador : Natalia
| Assunto: Re: Distrito 06 Seg Jun 29, 2015 4:50 am | |
| Isaac Coben Elizabeth e eu conversávamos encostados em uma árvore. O frio era cortante, e mesmo usando as pesadas roupas que pegamos emprestado, continuávamos sentindo a temperatura característica. Enquanto falava, Liz olhava intensamente para as pessoas em volta causando por ora embaraço, ora ternura nos observados. Típico dela. Ríamos alto conforme as reações mas, em certo ponto, sua expressão se tornou séria. Era a nossa deixa.
Agora que tínhamos algo para comer, uma espécie de planta, voltávamos para casa. O caminho era longo mas, era ótimo estar longe da casa que chamamos de "lar". Não que eu não fosse grato, eu era, só que não é legal ter que depender de alguém. E pior, não era justo para Elizabeth. Tinha que pensar em algo...
-Isaac, a Colheita está chegando... - Liz aponta para um cartaz. Estava desbotado mas mostrava a foto de alguns vencedores, incluindo o último, que finalmente reconheci: Alpha Malloch. Alguns flashes de sua vitória passaram em minha mente e uma mistura de tristeza e medo percorreram meu corpo.
O mesmo se passava com Liz. No mesmo instante, a abracei. - Não importa o que acontecer, vamos estar preparados ok? - Ela apenas concorda com a cabeça. Tudo ia ficar bem. A vida não poderia piorar, poderia?
| |
| | | Isaac Coben
Mensagens : 35 Data de inscrição : 22/04/2015 Localização : Distrito 6 Jogador : Natalia
| Assunto: Re: Distrito 06 Seg Jun 29, 2015 6:04 am | |
| Isaac Coben -Sabe, em algum ponto isso pode ser bom. Talvez você vença se for escolhido... Lembra-se da festa há meses atrás? Quando o vitorioso chegou aqui? - Minutos depois de chegarmos, Liz dispara isso. Se tinha uma coisa que Elizabeth era boa, com exceção apenas de suas encaradas nada discretas, era ser positiva. Todos os dias eu tinha provas disso, e provavelmente esse era o grande diferencial dela.
Mesmo não confiando muito nas possibilidades, eu não queria magoá-la. Então, acabo dizendo: -Vou, ou melhor vamos! - Levanto o braço em sinal de confiança e Liz me devolve um sorriso satisfeito.
A garota suspira. -Aquele dia foi muito bom! Pegamos o transporte, vimos tantas pessoas diferentes...
-Aposto que você encarou todas elas! - interrompi.
Liz revira os olhos, cruzando os braços. -Não seu engraçadinho... Bom.. Talvez algumas... Mas isso não importa! Eu estava com o melhor vestido que minha... - Pausa. - mãe tinha conseguido. Ah... As pessoas estavam tão alegres e foi bom ter comida no prato por um tempo.
-Eu nem vi a cor dessa comida! - Dou uma gargalhada seca. - Brendon sempre tirava tudo de nós. E depois, você sabe... Ainda bem que as coisas se acertaram.
Elizabeth concorda. Sua antiga vida também não lhe deixou consequências agradáveis e ela agora via, assim como eu, suas melhores lembranças se tornarem as mais dolorosas. Era duro mas, eu podia ver que isso a tornava forte. Liz se levanta e me deixa sozinho na pequena sala.
Lauren ostentava seu belo sorriso durante o percurso. Usava seu traje usual, e falava sem parar. Quando chegamos ao destino, segura minha mão em pleno sinal de que estava ansiosa e com receio de me perder no aglomerado. Aliás, como essa multidão conseguia se reunir naquela praça? Um grande mistério.
Todos ali estavam contentes e felizes, e não porque um de nós retornou ao nosso distrito. A felicidade estava na recompensa que isso gerava. Em poucos instantes, vejo uma pequena figura que provavelmente era o vitorioso. Todos aplaudiram e mesmo que não eram para nós, Lauren ficou toda contente. O momento foi efêmero e logo estávamos indo em direção ao transporte.
Mas algo estava errado. Alguns gritos foram percebidos tanto por mim quanto por Lauren. Desviando do caminho, procurávamos pela origem dos gritos. Após alguns segundos, consigo ver a cena. Um grande homem levava um garoto a força, dizendo coisas no ouvido dele sem parar. Horror estampava o rosto do garoto. Ele olhava por todos os lados até que conseguiu me localizar. Mesmo distante, consegui compreender as palavras que dizia: "ME AJUDE!".
-Isaac, temos que agir! - Lauren disse, puxando a manga de minha blusa. Olhei para ela e concordei com a cabeça, indo em direção do garoto.
Sai dos devaneios, com a voz de Lauren ainda presente em minha cabeça. "Temos que agir." Sentindo o peso em meus bolsos, resolvi agir. Assim que Elizabeth volta para o cômodo, digo: -Liz, tem algo que você precisa saber...
| |
| | | Wallace McQueen
Mensagens : 318 Data de inscrição : 17/04/2015 Localização : Capital Jogador : Állan
| Assunto: Re: Distrito 06 Qua Jul 01, 2015 10:15 pm | |
| Tourné da Vitória
Alpha finalmente chegara em casa. O clima no Distrito 6 é de festa e boas-vindas. Assim que descem na estação, o mais novo vitorioso e todos que o acompanham são recebidos por muitas pessoas importantes no distrito. Alguns abraçam o garoto sem sua autorização, outros apenas o cumprimentam com apertos de mão.
No palco, o Prefeito faz as honras e recebe Alpha no palco. Ele parecia bastante irritado. Oliver e Otillie estão sentados em suas respectivas cadeiras no palco, assim como a acompanhante da Capital e a sua equipe de preparação. O único pedestal colocado no centro da Praça Principal é reservado para a família de Athena. Apenas seu pai estava lá. | |
| | | Alpha Malloch
Mensagens : 44 Data de inscrição : 08/06/2015 Localização : Distrito 6 Jogador : Johanna
| Assunto: Re: Distrito 06 Qui Jul 02, 2015 1:59 pm | |
| ALPHA MALLOCH "Breath in, breath out, let the human in..." Estava mais que entusiasmado para regressar a casa e por para trás das costas todas as preocupações e chatisses que os últimos dias me trouxeram. Não tivesse eu que discursar também no Seis. Era algo óbvio, mas que só me caiu na realidade há pouco tempo. Eu não posso simplesmente ler o que me escreveram no cartão no meu próprio Distrito. Quer dizer, poder posso, e é o que me apetecia mais fazer para despachar o assunto, mas não devo. Não depois do sacrifício de Athena. Não precisava ser visto de lado aqui também.
Assim que chegamos, não são só os Pacificadores que nos recebem na estação, mas também um monte de gente que eu não faço a mínima ideia de quem sejam, mas algum papel no Distrito hão de ter, para estar aqui. A maneira como me tocavam e até abraçavam me deixou extremamente constrangido, para não dizer repugnado com o à vontade deles. Só dá tempo para respirar quando finalmente consigo entrar no carro dos Pacificadores. Gigi vira-se para mim, do lugar da frente, e me entrega o cartão com o discurso que eu teria de ler. Consigo notar algum receio na expressão que a acompanhante levava.
Viro minha atenção para Otillie, guardando o cartão no meu bolso. Lhe ofereço um sorriso confiante, mas nem de perto estou sentindo isso. Só agora me apercebi que o Seis acabaria por ser o meu maior problema.
Quando chegamos às traseiras do Edifício da Justiça, Otillie sobe primeiro ao palco, para se juntar com Oliver nos lugares reservados para os Vitoriosos do Distrito. O Prefeito começa então o discurso para me dar a entrada, e a irritação é bem vísivel no seu tom de voz. Nada que me surpreenda, mas não deixa de me deixar com os nervos à flor da pele. Eu tinha perfeita consciência que de maneira alguma esse homem estaria minimamente contente com a minha vitória.
Quando chega o momento de eu subir ao palco, minhas pernas não querem cooperar. De certo não me sentia tão nervoso quanto no Quatro e no Doze, mas meu subconsciente sabia que eu deveria estar. E não tarda muito para eu sentir ainda mais assim, assim que assento os pés no palco e o meu olhar se concentra, imediatamente e involuntariamente, no pedestral dedicado a Athena.
Aquele rosto ao qual eu estava tão familiar, depois de tantos dias sendo ela a única pessoa com quem eu convivia naquela arena maldita. Os flashbacks são inevitáveis - quando ela me ajudou a aquecer as mãos durante o meu ataque na caverna do Sul, a nossa promessa na floresta do Oeste. Até a cara dela quando eu fingi a brincadeira da árvore da forca. E os seus últimos momentos após ter sido vítima de Tori. Fico completamente paralisado, não conseguindo desviar meus olhos dela ou movimentar minhas pernas para perto do microfone. Todo o meu corpo estava a ferver, as informações entravam e saíam do meu cérebro a uma velocidade que eu não consigo acompanhar. Após segundos que pareciam mais uma eternidade, consigo arrastar meus pés até ao microfone, mas não desviar o meu olhar do pedestral de Athena. O seu pai estava ali, talvez ainda sem saber o que se estava a passar. Não faço ideia se alguém lhe contou. Ou se ele conseguiu perceber. Mas Athena me pediu que eu não lhe contasse.
O público parecia bastante alegre por eu estar aqui. Eu não conseguia sentir essa alegria, nem por mim mesmo e muito menos por eles. A maneira como eles me olham me faz colocar involuntariamente a mão no bolso do horrível casaco escolhido pela minha equipa de preparação, e retirar o cartão que Gigi me deu. Seguro-o com as duas mãos, que tremiam incansavelmente e me fazem custar a leitura. Passo os olhos rápido pelo texto, ponderando se dizia ou não o que estava escrito. Acabo por guardar o cartão de novo no bolso, num movimento hesitante e lento.
Olho rapidamente para trás, para Otillie e para Oliver, e logo encaro o público de novo. Penso em agarrar o suporte do microfone para deixar minha mão mais quieta, mas rapidamente percebo a má ideia que isso era.
Forço um tossido para limpar minha garganta e volto a retirar o cartão do bolso. Focando minha atenção nele e não no público, começo a ler as primeiras fases, que falavam mais dos Jogos e da minha vitória em si que de outra coisa. Eu não consigo fazer isto.
Baixo o cartão quando sei que o texto vai mencionar a morte de Athena. Encaro o público por um segundo, me sentindo tão distante de tudo, de todos, e de mim mesmo.
— Eu nunca pensei que alguém como Athena fosse capaz de ter o efeito em mim que ela teve. - começo, seguido de uma longa pausa para procurar as palavras certas. - Isso foi algo que me apanhou de surpresa, tão desprevenido como qualquer outra surpresa que os Idealizadores pudessem ter colocado para mim.
Eu sempre fui uma pessoa fechada. Minha relação com Athena e com Otillie foram dois fatores que eu nunca, nunca esperaria que se fossem desenvolver desta maneira. E isso alterou completamente o Jogo para mim.
— Sem ela ao meu lado, não me sobram dúvidas que o meu caminho nos Jogos teria sido bem diferente, e eu provavelmente não estaria aqui discursando no momento. Uma vitória depende de inumeráveis factores, e Athena foi sem dúvida o maior deles na minha. - por esta altura, já sentia inevitavelmente o quão ridículas minhas palavras estavam soando. Apesar de ser exatamente o que eu sentia em relação ao assunto, admiti-lo custava-me e as palavras pareciam não me pertencer.
— Antes de... - minha língua trava, não sabendo que palavra melhor utilizar - Bem, Athena me pediu uma última coisa. Que eu não a esquecesse. E agora, eu peço o mesmo a todos vocês. - faço uma pausa, olhando o público com toda a seriedade que o meu nervosismo me permitia no momento. - Não a esqueçam, mantenham-na viva nas vossas memórias e na história dos Jogos no Distrito Seis. Porque sem ela, a história teria sido outra completamente diferente.
Não sei mais o que dizer. Fico no silêncio por segundos que pareciam se prolongar mais e mais, até o interromper para agradecer ao público pela atenção e sair desse palco maldito o mais depressa possível.
it doesn't matter cause my eyes are lying and they don't have E M O T I O N don't wanna be social, can't take it when they hate me but I know there's nothing I can do | |
| | | Wallace McQueen
Mensagens : 318 Data de inscrição : 17/04/2015 Localização : Capital Jogador : Állan
| Assunto: Re: Distrito 06 Qui Jul 02, 2015 10:58 pm | |
| Vila dos Vitoriosos do Distrito 6 Horas após o fim da Turnê da Vitória de Alpha Malloch, a Vila dos Vitoriosos estava na maior tranquilidade possível, a não ser pelo barulho de trens passando constantemente a poucos quilômetros dali. Das doze casas da vila, três agora são ocupadas por três diferentes famílias. Oliver Jackson, Otillie Ashby e Alpha Malloch são os três nomes que compõem até o momento o hall de vitoriosos do Distrito 6. Oliver é o único vitorioso que ainda mora sozinho, levando a sua vida de forma sossegada... até o momento.
Batidas na porta de Alpha fazem seu coração disparar. Sua mãe preparava o jantar na cozinha, enquanto cantarolava uma canção bastante antiga no distrito, e o jovem a olhava sentado à mesa. O rapaz caminha até a porta de forma suspeita, ainda com o coração aos pulos. Ao olhar pelo olho mágico, Alpha respira aliviado. Era Otillie, sua jovem mentora, ali parada mirando o nada. Sua mãe pergunta quem é e Alpha responde com um sorriso de alívio que era a vitoriosa. O jovem Alpha a recebe com o mesmo sorriso, mas ela não o retribui. Na verdade, Otillie parecia extremamente preocupada. Mais do que aparentava durante toda a Turnê da Vitória. Algo não estava certo.
— Oliver nos convidou para o jantar na casa dele.
— Desculpe, Otillie, mas—
— Sem mas, Alpha. Nós temos que te contar uma coisa. - ela olha para o chão, perdendo a cor imediatamente de seu rosto e lábios.
O coração do rapaz volta a disparar. De acordo que caminham até a casa do vitorioso, Alpha pode sentir suas pernas tremendo e perdendo as forças. Oliver e Otillie ocupam as duas primeiras casas do lado direito. Ele a primeira e ela a segunda. Já Alpha ocupa a terceira casa do lado esquerdo. A caminhada até a casa de Oliver não é longa, porém parece durar uma eternidade para o garoto. Quando finalmente alcançam a porta, Otillie a abre e entra sem cerimônias. A lareira proporcionava um clima agradável dentro da gigantesca casa, que parecia ser padrão pois era idêntica a de Alpha. Na cozinha, três pratos estão sob a mesa, assim como vários outros com diferentes comidas.
— Olá, Alpha. - cumprimenta Oliver, com uma simpatia nada característica dele - Preparei o jantar e resolvi convidá—
— O que está acontecendo?! Por que me chamaram aqui? - as mãos com garoto começam a tremer. Em sua cabeça, pensamentos terríveis se passavam. Por algum motivo, ele podia jurar que era algo sobre o seu pai.
— Alpha, se acalma, por favor.
— Esconder as coisas nunca foi seu forte, Otillie. Mas não precisa se preocupar mais em esconder. - Oliver joga o pano de prato que está em sua mão em cima da mesa, puxa uma cadeira e se senta - Meus planos eram de termos um jantar tranquilo antes de tocarmos no assunto. Mas acho melhor falarmos logo.
Os jovens vitoriosos então se sentam à mesa. Alpha se senta ao outro extremo da mesa, enquanto Otillie se senta ao lado de Oliver. Os olhos amedrontados de Alpha pulavam entre os dois outros vitoriosos, esperando que um dos dois começasse a falar. Toda a situação estava matando o jovem por dentro. Corroendo-o.
— Você sabe que eu não vou com a sua cara. Já deixei isso óbvio para você. - Oliver serve um copo com uma grande quantidade de um líquido vermelho bastante vivo - E sei que não é novidade para você que muitas outras também sentem o mesmo.
— Vai... Vai direito ao ponto!
— Por favor, Oliver...
— Ótimo. Vamos ao ponto, então. - o vitorioso toma de uma só vez o líquido, colocando o copo com firmeza na mesa e encarando profundamente os olhos de Alpha - Para mim e Otillie, a vitória não trouxe grandes problemáticas. Eu venci na época em que tudo era novidade. Nenhum vitorioso era escolhido a dedo pela própria Capital. Se fosse por hoje, eu não estaria vivo. Eu não venceria.
Alpha não entende o que o vitorioso quer dizer. Ele ainda olha fixamente para Oliver, não perdendo uma só palavra, mas aquilo tudo ainda não fazia sentido para ele. Otillie começava a lacrimejar, mas não deixou que nenhum dos dois percebessem isso.
— Já com Otillie, seu irmão se sacrificou para que ela vivesse. Eles encantaram a Capital o suficiente para que eles a acolhessem como irmã. Todos realmente acreditam que agora Otillie Ashby faz parte de todas as famílias de Panem. Além do que, ela é uma das pessoas mais doces que eu já conheci. É impossível odiá-la, Alpha. Feito impossível até mesmo para alguém como você.
— Direto ao ponto. - volta a dizer Alpha, parecendo hipnotizando enquanto olha para Oliver.
— O ponto, Alpha, é que todo mundo te detesta. Não era para você estar vivo e a Capital está extremamente desgostosa com a sua vitória. Eles não deixam transparecer, mas é o que está acontecendo. - Oliver serve mais um pouco do líquido e o ingere de uma só vez - Tori. Era para a garota viver. Óbvio que ninguém comentava sobre, mas era só ser um pouquinho esperto para descobrir.
— Eu percebi isso desde que te cegaram com a Dreamscape e soltaram aqueles Chocobus. - Otillie se pronuncia, com a voz transparecendo muito sofrimento - Oliver me fez prometer que não falaria nada para você até a turnê acabar. Me perdoa.
— Isso não faz sentido nenhum. Vocês estão ficando loucos! - Alpha tenta se levantar para ir embora, ainda tremendo, mas Otillie vai até ele e pede para que ele se sente.
— Assim que você entrou na Floresta da Primavera, eles soltaram uma borboleta que estava na copa das árvores para ir até vocês. Eu acredito que o objetivo deles era te cegar para que os Chocobus te matassem. Mas algo não deu certo e eles só cegaram um de seus olhos. E, ainda pro azar deles, você conseguiu derrubar aquele bestante. - o vitorioso se levanta e se apoia com as duas mãos na mesa, se curvando na direção de Alpha - Com você cego dos dois olhos e Athena sendo uma garota que não sabia lutar, eles conseguiriam matar tanto os Tributos do Distrito 9 assim como vocês dois. Tori venceria.
— Mas aí você conseguiu matar o bestante.
— Imagino como ficaram aquelas expressões...
— Tori estava escondida na Cornucópia, enquanto vocês estavam lá fora. Foi aí que eles mandaram a chuva ácida para unir vocês. Ou melhor, debilitá-los o suficiente para que...
— ...Tori terminasse o serviço. - Oliver completa a frase, com a expressão desprovida de qualquer sentimento - Quem você acha que eles iriam preferir? Uma garota educada, esperta e que sentiria orgulho por receber a vitória ou um garoto antipático, sem graça e extremamente arrogante? Mas eles não contavam com Athena. A garota incrivelmente mudou o jogo inteiro. Ela foi responsável por tudo isso.
O único barulho a seguir é o crepitar da lareira. A mente do jovem grita e se agita, mas fisicamente nenhuma reação é esboçada. Oliver e Otillie esperam por alguma reação de Alpha, mas parece que o garoto estava mentalmente disperso.
— E o que tínhamos para te falar é: a Capital te odeia e, sei que não sou seu mentor mas, te aconselho a fazer de tudo para que ela não tenha nada mais contra você. Para o seu bem... e o bem da vida de sua mãe.
| |
| | | Oliver Jackson
Mensagens : 3 Data de inscrição : 03/05/2015 Idade : 47 Localização : Distrito 6 Jogador : Állan/NPC
| Assunto: Re: Distrito 06 Ter Out 06, 2015 2:54 am | |
| Oliver Jackson As batidas nervosas e agressivas na minha porta logo denuncia quem estaria ali. O que é muito estranho, já que ela vem muito pouco aqui na Vila. Mas eu sei que é para gritar as mesmas merdas de sempre para chamar a minha atenção. O que mais essa garota quer que eu faça?! Termino minhas três últimas abdominais e vou até a porta. Abro-a de uma só vez e encontro Tressa de costas para mim, olhando o horizonte, como se não estivesse nem um pouco se importando que eu esteja ali esperando. Depois de alguns segundos de um suspense infantil, ela se vira para mim e joga algo no meu rosto. Por sorte, era apenas uma bolinha de papel. Por uma brecha, consigo reconhecer a caligrafia. Era o bilhete que mandei a sua mãe duas semanas atrás.
— Eu já te disse para deixar a minha mãe em paz! O que você quer afinal, Oliver?! Afundar a vida dela e não deixar que ela fuja da lama que você a enfiou?!
— Tressa, por fav-
— Eu não quero ouvir mais nada que venha de você. Ainda não sei como ainda aceitamos o dinheiro que você nos dá! - Tressa cospe no chão, quase acertando o meu pé esquerdo. Respiro fundo, para não falar ou fazer qualquer coisa que a machuque. Agora, ela aponta para a minha casa e continua sua gritaria - Eu tenho nojo de você e da maneira como você leva a sua vida.
Uma movimentação de alguém entrando na Vila dos Vitoriosos me faz desviar o olhar instintivamente para o local. E, para piorar a situação, percebo que é Alpha quem está voltando mais cedo da Capital. Ótimo. Era o que eu precisava para melhor a minha vida. O encrenqueiro de merda vendo essa cena.
— O que foi?! - Tressa dispara contra Alpha, saindo logo em seguida bufando e batendo os pés. Fico sem reação, enquanto a vejo ir embora.
Só espero que esse moleque não queira tentar entender o que se passou aqui. — — —Tressa Wiglesworth
| |
| | | Alpha Malloch
Mensagens : 44 Data de inscrição : 08/06/2015 Localização : Distrito 6 Jogador : Johanna
| Assunto: Re: Distrito 06 Ter Out 06, 2015 3:18 am | |
| ALPHA MALLOCH Regressar ao Seis poderia parecer tudo o que eu queria - estar longe da confusão, do meu pai e de todas as chatices que a Capital tem para me oferecer. Mas por alguma razão, parecia errado. Um regresso cedo a casa significa para alguns que fracassei enquanto mentor, apesar de eu não ter nada a ver com a idiotisse da Desgraçada. E não que eu sentisse alguma culpa pela morte dela, mas só de pensar que para alguns isso tenha sido considerado um fracasso por minha parte...
Cerro meus punhos, rangendo os dentes com o pensamento. Me encosto de pé, à janela do vagão. Minha visão saltava por tudo o que conseguia captar no movimento, mas era como se a minha mente não processasse a informação. Já não me lembro da última vez que tive uma viagem de trem tão tranquila. Sem Otillie, sem Gigi, sem a minha equipa de preparação. Às vezes dou por mim a olhar para a mesa do outro lado do vagão, à espera inconscientemente de os ver ali. Fazendo-me sentir observado o tempo inteiro.
A sim que vejo o comboio quase a chegar na estação, pego nas minhas coisas e me dirijo para junto de uma das portas, encostando-me impaciente num canto para que as portas se abram. Quando tal acontece, abandono o veículo sem dizer uma única palavra.
Passo o olhar torto pelos Pacificadores que me esperam na estação, entrando no carro que me levará até à Vila dos Vitoriosos sem dizer nada. O condutor também não parece estar aqui para fingir boa educação, o que me deixa mais descansado. Soltando um suspiro discreto, me recosto nos estofos do carro, a minha atenção vagueando pelo que se passa lá fora. As pessoas olham. E eu sei o que elas pensam. Que eu não tenho cabeça alguma para servir de mentor, e que qualquer Tributo que caia nas minhas mãos tem o destino mais que traçado. Não fosse já mau o suficiente ser ceifado para os Jogos Vorazes apenas.
Assim que avisto o símbolo da Capital dando entrada à Vila dos Vitoriosos, já coloco minha mão no puxador da porta, pronto para me fechar em casa o mais depressa possível. Levanto a cabeça a caminhar, mas sempre seguindo o movimento de outras pessoas pelo canto do olho. Mas assim que já estou próximo o suficiente dos pilares de pedra que seguram o portão da Vila, a minha atenção é imediatamente virada para um foco de barulho do outro lado. Uma discussão.
Não hesito por muito mais tempo e atravesso o portão. O plano era seguir em frente e apenas espreitar para ver o que raio estava acontecendo na casa de Oliver, afinal eu teria que passar por ela para chegar à minha. Não fosse eu me deparar com isto.
Uma jovem de cabelo comprido, escuro, surpreendentemente não muito mais baixa do que eu - gritando com Oliver em plenos pulmões acerca de dinheiro. Pela voz eu já tinha percebido antes se tratar de uma mulher, só não esperava encontrá-los cá fora e muito menos sendo a garota tão jovem - e acabo por ficar ali, especado, observando a cena com um sorriso trocista e inevitável em meus lábios. O Oliver com uma novinha!? Não, eu não imaginei que ele fosse desses...
Fico tão hipnotizado com a cena e tentando conter o riso que não noto eles os dois já me encarando de volta, até a própria garota explodir de novo mas contra mim. Minha expressão muda de imediato, tornando-se mais séria por conta da atitude dela, e vendo como ela agora abandonava a Vila sem dizer mais nada. Voltando o olhar para Oliver, permito o sorriso trocista voltar a tomar conta de mim, ao cruzar os braços sob o peito e deixar o meu corpo se encostar ao pilar esquerdo da entrada. Algo me diz para eu ficar calado, mas eu não consigo resistir.
- Então, Oliver. Aproveitou o seu tempo de folga enquanto mentor, estou a ver.- Falo num tom irónico, sentindo o sorriso no canto do meu lábio se alargar.
| |
| | | Oliver Jackson
Mensagens : 3 Data de inscrição : 03/05/2015 Idade : 47 Localização : Distrito 6 Jogador : Állan/NPC
| Assunto: Re: Distrito 06 Ter Out 06, 2015 3:36 am | |
| Oliver Jackson Eu sabia que esse garoto não ficaria calado! Sua audácia me dá nos nervos. Depois da tamanha bagunça que se tornou sua vida, como ele ainda consegue ser tão debochado?!
— Não se meta em assuntos que você não foi chamado, rapaz. Eu cuido dos meus problemas e você, dos seus... Que já não são poucos. - viro-me para entrar em casa, mas sinto que o que eu disse a ele não é o suficiente. Preciso descontar a raiva em alguém. Volto o meu olhar para ele e digo, com a maior calma do mundo - Parabéns pelo grande fiasco que você foi como mentor. Pelo menos agora eu sei que este será o meu último ano de folga.
| |
| | | Alpha Malloch
Mensagens : 44 Data de inscrição : 08/06/2015 Localização : Distrito 6 Jogador : Johanna
| Assunto: Re: Distrito 06 Ter Out 06, 2015 3:54 am | |
| ALPHA MALLOCH Já sabia que ele ia tocar nesse assunto. Talvez por isso que uma parte de mim me dizia para ignorar a cena e chegar em casa o quanto antes. A calma com que Oliver pronuncia aquelas palavras me deixa com um ódio profundo, fazendo-me apertar a mandíbula. Mas é essa mesma calma que denuncia as suas intenções. Ele sabia que isso me afetaria está usando isso a seu favor, para sair da embrulhada em que eu acabei de o apanhar. Como tal, não devo mostrar irritação agora - isso é exatamente o que ele quer.
E fodasse, eu bem estou precisando de alguma diversão na minha vida. Baixo o olhar para as minhas unhas, fazendo elas estalarem uma nas outras como se o movimento repetitivo fosse mais interessante que as palavras do homem. Assim que paro, respondo-lhe com igual calma:
- Não tenho nada a ver com a burrice da garota. Mas não te culpo por não teres reparado que a maneira como ela morreu não teve de forma alguma a ver comigo, pois já percebi que tens ocupado o teu tempo com outras atividades que não assistir aos Jogos. - Volto a levantar o olhar para ele, ainda com o mesmo sorriso.
| |
| | | Oliver Jackson
Mensagens : 3 Data de inscrição : 03/05/2015 Idade : 47 Localização : Distrito 6 Jogador : Állan/NPC
| Assunto: Re: Distrito 06 Ter Out 06, 2015 4:19 am | |
| Oliver Jackson O garoto é mais cara de pau do que eu imaginei. Achei que ele explodiria e gritaria como um bom idiota que ele é. Mas na verdade ele entra no meu joguinho e não deixa a raiva o consumir. Parece que o garoto está aprendendo. Porém, ao contrário d'ele, eu não consigo me controlar.
— O que tá insinuando, rapaz?! - Perco o tom calmo e digo alto de mais, enquanto fuzilo o imbecil com o olhar - Não se mete nessa história! Já tenho problemas de mais com Tressa para ficar me preocupando com outro jovem descerebrado como você!
Entro em minha casa e fecho a porta com força, provocando um barulho estrondoso.
| |
| | | Alpha Malloch
Mensagens : 44 Data de inscrição : 08/06/2015 Localização : Distrito 6 Jogador : Johanna
| Assunto: Re: Distrito 06 Qui Out 08, 2015 11:37 pm | |
| ALPHA MALLOCH Consegui. Consegui tirar Oliver do sério. Meu sorriso aumenta cada vez mais, à medida que o Vitorioso vai perdendo a calma, coisa que se torna notória no seu tom de voz.
Sem tirar os olhos de Oliver nem o sorriso irónico da minha cara, fico encarando-o recebendo de bom grado cada palavra que ele tem a dizer. Mas quando me preparo para responder, o homem entra em casa num instante e bate a porta com toda a força. Droga, logo agora que eu me estava divertindo. Mas a atitude dele de lidar com os problemas parece tão infantil que até só pela piada, não consigo ficar chateado.
Faço impulso com o meu corpo para a frente, desencostando-me da parede. Em passos lentos, ainda sem conseguir tirar os olhos da porta de Oliver, caminho até à minha casa.
- Tressa... então é esse o nome da vadiazinha.
| |
| | | Otillie Ashby
Mensagens : 28 Data de inscrição : 21/04/2015 Idade : 26 Localização : Distrito 6 Jogador : Állan
| Assunto: Re: Distrito 06 Sáb Nov 28, 2015 9:15 pm | |
| Otillie Ashby Acordo assustada com um dos empregados da Capital me chamando. Acho que acabei pegando o sono enquanto esperava o trem chegar no Distrito 6. Sorrio para ele, ainda meio confusa por conta do sono, mas tudo que ele faz é virar as costas e se afastar de mim. Será que eu fiz algo de errado?
— Partindo da Estação Principal do Distrito 6 em 10 minutos. - anuncia uma voz robotizada.
Esfrego os meus olhos para minha visão voltar ao foco normal. Levanto-me devagar e vou até a saída, que se abre automaticamente para mim, revelando um homem alto e aparentemente abatido esperando bem próximo ao trem. Oliver, meu mentor. Pela sua expressão, algo não está certo. Minha única bagagem já está em sua mão, significando que ele veio exclusivamente aqui por mim. Mas por que Oliver viria aqui tão cedo?
— Acordado tão cedo?
Ele apenas sorri e me indica o caminho. Oliver está agindo de forma estranha. Só vi Oliver assim duas únicas vezes. A primeira, quando reprisaram a edição em que ele venceu após eu sobreviver à minha. E... quando Tressa, sua filha que ele tanto esconde a existência com medo da Capital fazer algum mal a ela, veio até mim me contar toda a verdade. Naquele dia, nunca vi Oliver tão assustado.
Andamos alguns metros em silêncio, até que avisto um outro conhecido. Alpha Malloch. O que ele estaria fazendo aqui em uma manhã tão gélida como esta? Será que ele veio aqui me acompanhar, assim como Oliver? Ou será que o problema é tão grande assim que também o atinge?
— O que está acontecendo, Oliver? O problema é assim tão grave que precisou de você e Alpha virem até aqui para me levar para casa?
Ele rapidamente olha para a direção de Alpha, parecendo irritado de mais para significar que ele estejam juntos. O que está acontecendo aqui?!
| |
| | | Alpha Malloch
Mensagens : 44 Data de inscrição : 08/06/2015 Localização : Distrito 6 Jogador : Johanna
| Assunto: Re: Distrito 06 Dom Nov 29, 2015 2:17 am | |
| ALPHA MALLOCH Finalmente o desgraçadinho de estimação da Otillie morrera, pelo que a minha mentora estaria de volta mais dia menos dia. Não que eu fizesse questão de ela estar aqui, mas a diversão que Oliver e a vadiazinha me proporcionaram no dia que regressei não durou muito. E já estava a ficar beeem aborrecido.
Acordo cedo por conta da barulheira que a minha mãe faz na cozinha, como de costume. Já lhe pedi para ter mais atenção a isso, mas agora que finalmente ela pode expandir os horizontes no que toca à culinária pela qual ela sempre se interessou graças às dezenas de peças de equipamento de cozinha que a Capital fez questão de instalar em casa como se eu fosse alguma vez mexer naquilo, duvido que atenda o meu pedido.
- Mãe, assim não dá pra dormir. - Falo seriamente, entrando na cozinha para já uma chávena de chá e uma sandes estarem à minha espera em cima da mesa. Seguro na chávena com as duas mãos, deixando o calor passar para o meu corpo, reparando agora o quão gélida aquela manhã de verão estava.
- Desculpa, Alphie - ela responde, com um risinho. O apelido faz-me levantar uma sobrancelha, mas não estou para chatices agora.
O meu olho capta um movimento lá fora, que me faz levantar de imediato em um salto com a faça de barrar a manteiga na mão. Já passou quase um ano desde que voltei para casa, e os instintos de sobrevivência que a arena me proporcionou não me largaram ainda. E duvido que alguma vez o façam.
Já mais calmo, aproximo-me da janela discretamente. Oliver, claro. Ele parece tão... Incomodado. Não sei. O suficiente para deixar um sorriso no canto dos meus lábios.
- Preciso sair. - falo para a minha mãe, não tirando os olhos da janela. Ele já estava caminhando para fora da vila.
- Tão cedo? - ela volta-se para mim, com um ar preocupado que rapidamente se desvanece. - Ah, é Otillie não é?
Não respondo. É, provavelmente ele vai ter com ela a estação. Mas a princesa não tem já acompanhantes suficientes para a trazerem até cá? Nah, tem que haver outro motivo.
Visto um casaco e um cachecol por cima da roupa e saio sem mais explicações. A brisa fresca me atinge de imediato, lembrando-me mais da arena do que propriamente os invernos do meu distrito.
a caminhada não é propriamente curta, e rapidamente me aborreço. A mente de Oliver parece estar tão dispersada que nem me dou ao trabalho de tentar passar despercebido, apenas sigo o seu caminho com uns quantos metros de distância. Só quando chegamos ao destino é que me deixo ficar para trás, encostando-me à parede gélida da entrada da estação, já lá dentro. Agora era só esperar que a festa comece.
Só não me parece que eu seja o único espectador. Ao circular meu campo de visão pela zona enquanto esperava pelos outros dois, capto alguém 'escondido' não muito longe de ali. Não preciso olhar duas vezes para confirmar que se tratava da vadiazinha de estimação do Oliver. Coitada dela se ela acha que está bem escondida. Mas a verdade é que eu não notei ela perto quando eu próprio estava seguindo Oliver. Será que ela chegou mais cedo? De qualquer forma, isto só acabou de se tornar mais interessante.
Decido ficar em silêncio onde estou até Otillie e Oliver aparecerem. A primeira nota a minha presença rapidamente quando já está a uma distância considerável, voltando-se para dizer algo a Oliver e fazendo-o olhar imediatamente para mim. A expressão na cara dele ao ver-me cria automaticamente um sorriso torto no canto dos meus lábios.
De braços cruzados, me aproximo em passos lentos ao mesmo tempo que eles, só para me encontrar novamente de lado na parede mais à frente.
- Otillie. - cumprimento, ainda sorrindo. Depois passo o olhar imediatamente para Oliver, que parece quase bufar. - Então, já não posso vir receber a minha mentora à estação? - pergunto para ele, não disfarçando a ironia na minha voz.
| |
| | | Otillie Ashby
Mensagens : 28 Data de inscrição : 21/04/2015 Idade : 26 Localização : Distrito 6 Jogador : Állan
| Assunto: Re: Distrito 06 Ter Jan 12, 2016 11:25 pm | |
| Otillie Ashby A situação começa a me deixar cada vez mais aflita. Troco meu campo de visão entre um Alpha extremamente sarcástico e um Oliver inteiramente tomado pela raiva. Sinto minha cabeça rodar com a atmosfera tensa que toma o ar ao meu redor e as poucas pessoas ali nos olhando curiosas. Os três vitoriosos do Distrito 6 metidos em uma confusão na estação de trem era a última coisa que precisamos.
— Por favor, parem. Me expliquem o que está aconte-
A visão de Tressa se aproximando de nós com um sorriso tão sarcástico quanto o de Alpha e batendo palminhas me faz engasgar as palavras. Alpha e Oliver viram-se para ela, e meu mentor se empalidece instantaneamente. Agora começo a entender o porquê de Oliver estar neste estado.
| |
| | | Tressa Wiglesworth
Mensagens : 2 Data de inscrição : 06/10/2015 Idade : 26 Localização : Distrito 6 Jogador : Állan/NPC
| Assunto: Re: Distrito 06 Ter Jan 12, 2016 11:51 pm | |
| Tressa Wiglesworth Como trabalho com minha mãe no comando do tráfego de trens do país todo, consegui ver que a queridinha de Oliver chegaria bem cedo no Distrito 6. Sei disso porque os trens que levam os vitoriosos são sempre marcados com um código especial e tratados como prioridade nas linhas. O que eu acho ridículo! Entre os vários pensamentos e xingamentos do momento, um pensamento me passou pela cabeça. Essa seria uma situação perfeita para eu dar um sustinho naquela garota.
Assim que vejo Oliver passar pela porta da estação, me sinto frustrada. Não só por conta do meu plano ser arruinado, mas pela capacidade deste homem de negar a própria filha mas dar tamanha importância para uma fedelha que teve sorte do idiota do irmão se matar para que ela sobrevivesse. Sinto minhas mãos tremerem e minha respiração ficar mais pesada. É hoje que você me paga, Oliver! Mas quando penso em me mover, um outro imbecil entra na estação. O outro verme da Capital. Ele era a minha maior diversão naquela arena. Depois que ficou cego de um olho então... Eu adorava torcer para o Cegueta.
Quando os três ratinhos de laboratório da Capital se reúnem no que parece uma linda confraternização, me aproxima a passos largos mas lentos. Coloco o meu melhor sorriso de deboche no rosto e bato palminhas lentas e dramáticas. A Sem-Graça é a primeira a me olhar.
— Que lindo momento! O papai e o namorado caolho vieram buscar a Sem-Graça na estação!
Sinto a atenção dos pacificadores virarem para nós, prontos para intervir se as coisas esquentarem. É hoje que todos vão descobrir o que você tanto esconde, Oliver Jackson.
| |
| | | Conteúdo patrocinado
| Assunto: Re: Distrito 06 | |
| |
| | | | Distrito 06 | |
|
Tópicos semelhantes | |
|
| Permissões neste sub-fórum | Não podes responder a tópicos
| |
| |
| |
|